quarta-feira, 4 de maio de 2011

AMO-TE ÁLVARO

Quero escrever alguma coisa de jeito, sobre alguma coisa de jeito, mas ultimamente só sei escrever sobre um único assunto.
...
Mas eu estou parva ou quê?
Queria escrever sobre Álvaro de Campos, misturar uns assuntos pelo meio, fazer uma coisa bonita... queria escrever um texto "sexualizado pelas pedras, pelas árvores, pelas pessoas, pelas profissões"...
Como se fosse possível. " Às vezes tenho ideias felizes", o problema é que jamais poderão passar de "ideias subitamente felizes".
Prosseguindo queria falar desse meu amor, desse meu Álvarozinho, que me entende melhor que eu mesmo, ou será impressão minha?
"Basta! É uma impressão um tanto ou quanto metafísica".
Queria falar também dos meus amigos: "Que amigos que tenho tido".
Já conheci tanta gente boa, tanta gente bonita, tanta gente inteligente, tanta gente simpática, mas "Que amigos que tenho tido": os melhores, os piores... e agora graças a eles "sou o intervalo entre o que desejo ser e os outros me fizeram".
Deixei que tal acontecesse, porque a meu ver... amigos é o que nós mais precisamos... confesso que por vezes não lhes atribuo grande importância, mas acontece-me o mesmo com a Matemática, com a Física, com a Química... quantas vezes não dou importância àquilo que está patente no que desejo ser?
E não, não sou louca!
"Já disse: sou lúcido
Nada de estéticas com coração: sou lúcido.
Merda! Sou lúcido."
...
Eu quero falar de tudo, de tudo, de tudo... mas a verdade é que a inspiração está escondida em qualquer sítio  que eu desconheço... Se calhar o que preciso é mesmo de estudar vectores: definir pontos de aplicação, marcar direcções, aplicar sentidos e por fim calcular intensidades, ou talvez o que eu precise é de calcular a quantidade de calor que me atravessa por segundo: começo por multiplicar condutividade térmica pela área, seguida da diferença de temperatura e dividindo pela espessura... talvez---  

"Estou a dormir desperto com sonhos que são loucura
Porque não são sonhos.
Estou assim..."
Só posso estar assim... espero não alimentar as mentes mais perversas, nem atemorizar as mais fragilizadas.
"Que é do teu menino?  Está maluco."
Não quero ninguém maluco...
Não quero ninguém tonto...

"Mas se isto é assim, é assim.
Deixo-me estar na cadeira,
Estou tonto.
Bem, estou tonto.
Fico sentado
E tonto,
Sim, tonto,
Tonto...
Tonto."
...
"Que amigos que tenho tido". Não! Não se assustem!
Porque vocês continuam vocês
e porque "eu, eu...
Eu sou eu,
Eu fico eu,
Eu... "

http://www.dominiopublico.gov.br/download/texto/jp000004.pdf
E depois?

Ahahahaha, chegou a era da meditação, das frases lindas coladas na parede, das paixões assolapadas, de me afogar na matemática, nos pensamentos do Einstein, de ouvir vezes sem conta a mesma música, de pensar 3765 vezes por dia na mesma coisa, de ler poesia sem parar, de chorar porque se esqueceu da mensagem das 13:45:53 horas, de morrer de saudades, de morrer de insatisfação ahaahah, se me dissessem que amar mata...
"O amor é o amor - e depois?
Vamos ficar os dois
a imaginar, a imaginar?.."
Ironia, ironias... hoje esta situação está a dar-me vontade de rir, porque quem diz que quem muito fala pouco aprende, tem toda a razão... e eu falava, falava e agora? E AGORA?
AHAHAHAH como é que me pegaste assim?
" O meu peito contra o teu peito,
cortando o mar, cortando o ar."
Vamos, vamos, vamos, só quero pegar em ti, sentar-te por baixo duma varanda e ouvir-te falar, falar, falar, porque já estou aborrecida de ser sempre eu a tomar a palavra. Sim, eu gosto de falar, mas também gosto de ouvir. Quero que não te importes com a chuva como naquele dia. Naquele dia em que me deste a conhecer essa maldita droga. Foi a primeira vez que senti, que qualquer coisa me estava a regenerar, a transformar... e agora? E AGORA? Agora não queres ficar à chuva! Quero que não me deixes ir para o teatro como outrora fazias... ahahahahaha
"Num -----
há todo o espaço para amar!"
E é agora, agora que eu gosto, agora que sinto que gostas menos!!! Eu realmente devo ter alguma problema existencial, porque é que só me agradam as faltas? as carências? as indiferenças? ahahaha
Dás-me o resto do teu cigarro e depois dizes para o lado:
- Este sabe mesmo mal no fim!
Ahahahaah, e dás-me! E a mim não me sabe mal, não sabe. Se me dissessem que amar mata...
"Na nossa ----- estamos
sem destino, sem medo, sem pudor,
e trocamos - somos um? somos dois?-
espírito e calor!"
Ahahahah chegou a era do ciume, das poucas palavras, das muitas discussões, ahahaha, quantos anos tenho afinal? Chegou a era das exigências, da posse, o que é meu é meu, portanto don't touch! Ninguém... nem o gato, NEM O GATO! Se vejo pelo na camisola fico com ciumes, ahahaha! Amaldiçoada loucura!
Se me dissessem que amar mata...
                                                 entregar-me-ia mais cedo.
"O amor é o amor- e depois?" 

sábado, 16 de abril de 2011

"No woman no cry "

Não gosto muito de blogues... sinto que escrevemos para os outros e na verdade parece-me que sou condicionada, porque afinal de contas não vou dizer tudo aquilo que me apetecer em "praça pública", mas hoje quero e vou escrever para mim, com a máxima simplicidade que me for possível, com toda a sinceridade, com toda a naturalidade, apenas para tentar estruturar algumas ideias.

Aqui há dias fomos a tua casa, fomos com a senhora loira, porque ela tem a chave de tua casa e a tua mãe estava em Vila Real e tu tinhas de te ir preparar, uma vez que íamos jantar fora. Estás situada?
Já não ia a tua casa desde o dia 31 de Outubro e nessa altura a tua casa ainda cheirava a felicidade por todos os cantos... Eu que passei tanto tempo lá, confesso que agora, quando lá voltei a entrar, tive a sensação de que era a primeira vez, tive eu e tu apercebeste-te, porque se bem me lembro perguntaste-me:
- Já não conheces a casa?
A verdade é que não te sei responder a essa pergunta. Entrei e o senhor vazio veio abraçar-me. Enfiei-me de imediato na casa-de-banho e desatei a chorar... Antes o cheiro da tua casa transformava-se no cheiro da minha casa e agora? Agora juro que parece que está prestes a sofrer uma derrocada. Tu não mostras isso. Não mostras nem nunca vais mostrar ... Repara se até um pedaço de mim se foi, como é que TU podes permanecer intacta?
Não sei como aguentas... não sei... essa força, essa força imensa que tu tens é proveniente de algo que tu conheces muito bem e escusado será eu falar. Lembras-te, lembras-te no primeiro dia? Eu disse-te: tu vais sentir, vais sentir a tua vida toda. Vais ter muitos sinais. 
E essa é uma verdade, a toda a hora nos deparamos com uma  carteira desaparecida, com uma camisola, com uma mala de viagem... mas tudo aparece...
ACREDITA! Há coisas que ninguém sabe como explicar, mas não precisamos que tudo seja concreto, aliás o abstracto surte bem mais interesse.

Depois ligaste o telemóvel às colunas e o que começamos por ouvir?
- Bob Marley. Tal e qual como naqueles maravilhosos dias de Verão em que dormíamos às semanas uma em casa da outra, em que nos arranjávamos horas a fio para irmos aos carrinhos de choque, em que nos sentávamos no meio da estrada a ver o fogo de artificio, em que ensinávamos a tua prima a brincar como uma mulher (Carlota, fazer sexo é saltares numa cama com o Dante...) e ela coitadinha encolhia-se, escondia a cara atrás dos seus cabelos loiros e corava, era também altura em que íamos beber sumo de laranja para uma esplanada qualquer, em que comíamos todas as miniaturas que existiam em qualquer pastelaria e depois íamos ver Morangos com Açúcar, como se gostássemos muito daquilo e comíamos batatas fritas de presunto... as nossas favoritas... e ao fim do dia íamos jantar os manjares que os nossos país nos preparavam, em tua casa ou na minha... e cheirava tão bem esse tempo!

Porque não sou capaz de falar mais do assunto, recuso-me a acabar... assim como não quero que este mimetismo algum dia desapareça. Deixa-me sentir, CONTIGO. 
Seja muito bom. Seja menos...

quarta-feira, 6 de abril de 2011

Põe um modo compatível com a minha condição

Estuporado, entalado, inquinado...
Tenho vontade de te esmagar, de morder, de te espatifar essa cara, patife!


 Timidez!

Detesto tarefas domésticas! Detesto mesmo! Limpar o pó dá-me tonturas. Aspirar o chão põe-me nervosa. Lavar a loiça dá-me comichão nas mãos e nos pés. É verdade! É verdade: sou alérgica. Se fizer alguma tarefa posso ficar muito doente, muito irritada...
Não era melhor estar a calcular a minha dependência? A minha rude e estúpida dependência por ti... seu estuporado, entalado, inquinado...

Essa ousadia dá-me vómitos:
- Estou com sono. Vou dormir. Espera um bocado. Quando acordar já falamos. Pita. Cresce!
E dizes isto de maneira tão subtil, que se torna impossível aceitar? Percebes? Essa tua naturalidade irrita-me.
- És feia. A outra era bem melhor!
Eu olho para ti, encolho os ombros e tenho vontade de te esmagar.
Essa ousadia dá-me vontade de te esmagar.

A tua pouca sensibilidade irrita-me:
Atendes o telemóvel a toda a hora quando estás comigo e não deixas nunca que eu o faça.
A tua pouca sensibilidade dá-me vontade de te morder.

Confesso. Confesso-to:
A toda a hora tenho vontade de te esmagar, de morder, de te espatifar essa cara, patife! De te esmagar de beijinhos, de te morder as bochechas, de te espatifar essa cara, no sentido integral.
De te espatifar a cara porque a tua ousadia, a tua naturalidade, a tua pouca sensibilidade entranharam-se na minha pele e de forma nenhuma, estão dispostas a sair. 
Não sou alérgica. Não. Ao contrário do que acontece nas tarefas domésticas... 
Há algumas semelhanças, há:
- dás-me tonturas
- pões-me nervosa
Deixas-me senil (e senil é o meu avô).
Deixas-me com tonturas, porque te olho debaixo e porque tens a lata de perguntar:
-Medes quanto? Um metro e meio?
Pões-me nervosa, porque me fazes frente, me mostras como realmente as coisas são e digo-te que assumir que não tenho razão me deixa no auge do nervosismo.
Deixas-me senil, em estado completamente decrépito, ironicamente frágil, porque não sabia ser possível idolatrar alguém, eu que nem deuses idolatro, como posso venerar-te?

Sabes a que tudo isto me soa?
A um imenso paradoxo, porque eu detesto-te pelo facto de não saber viver sem... sem ti. PATIFE!

"Um bem haja à lamechisse!"



terça-feira, 15 de março de 2011

I love eat

O que é o almoço? O que é o almoço? O que é o almoço?
Chega essa hora e a única coisa que me vem à cabeça é: arroz de marisco, picanha com salada de alface, sandes de atum, massa com bifes de peru e molho bechamel, McChicken (McPollo como dizem os espanhóis, com a sua mania de traduzir tudo), arroz de cabidela, pieroguis, frango no forno com batatas assadas, lasanha d'atum (como só a mãe da Rita sabe fazer), arroz de frango, cherne suculento, bifes de avestruz , de vaca (ou de boi), de porco (em casa da Isaura, único sítio onde esta carne me sabe bem)...
Adoro comida. É um facto (ou fato, segundo o novo acordo ortográfico, se quiserem), mas a minha vontade desvanece quando me lembro que o meu local de almoço é a cantina da escola.
Para que é que inventaram cantinas?
Digo melhor, porque põe pessoas que não sabem cozinhar na cantina?
Lá na cantina da escola como arroz seco com arroz seco e de sobremesa laranja queimada pela geada. Delicious!
 Bom, não é correcto que me queixe. Tenho comida, boa ou má, a verdade é que tenho, e quanta gente não tem?
Eu falo da fome, mas sem ter percepção do que isso é. Nunca tive. Não tenho noção da dimensão. Não sei o que isso é, não quero saber e não falemos disso.
 Se não tivesse medo de ficar obesa, celulítica e flácida não fazia mais nada se não comer e aqui sempre que falo em comer, para esclarecer as mentes duvidosas, falo em comer comida. Comida tipo sopa de coentros, sandes com caviar, salmão fumado...